terça-feira, novembro 30, 2004

Foto Jornalismo



Está a decorrer, desde o dia 20 de Novembro, uma exposição dos trabalhos do site Foto Jornalismo, no Bar "Xa Andar", na Nazaré. Aproveitem um fim-de-semana, mesmo que chuvoso, para contemplar o mar bravio de Inverno, almoçar um saboroso prato do muito peixe que o mar portugês oferece, e terminem a noite em grande, com outros olhares sobre o mesmo mundo.

Mais informações em www.photojornalismo.web.pt.

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segunda-feira, novembro 29, 2004

As coisas que me chegam aos ouvidos

Depois do elogio da última sexta-feira, pus a mão na consciência, e resolvi pôr o Keine outra vez de pé. Porque, se foi daqui que o Alexandre nasceu para a blogosfera, então há que dar um mínimo de dignidade a esta casa. Por isso, e à falta momentânea de melhores ideias, regressam "as coisas que me chegam aos ouvidos", mas desta vez com dedicatórias.

Wray Gunn - Soul City (Para todos os "freedom fighters"... Free at last, free at last, by God all mighty, we are free at last!)
The Smashing Pumpkins - Disarm (Para ela - há boas lembranças que não desapareceram)
Lhasa - Small Song (Para todos os que vão estar no concerto, dia 6, na Aula Magna - passa a publicidade)
Dead Combo - Um homem atravessa Lisboa na sua querida bicicleta (Para a cidade que eu amo, mas que atravesso a pé)
Kings of Convenience - Homesick (Para todos aqueles que têm o coração no outro lado do mundo - ou no outro lado da rua)
Ash - Goldfinger (Para o Nuno K - Finalmente, começaste a ouvir música de jeito)
Gotan Project - Una musica brutal (Para o Alexandre - Quanto mais não seja, pelo aniversário do blog)

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sexta-feira, novembro 26, 2004

Balada sobre o poder da poesia

Para o Alexandre

"Na grande avenida havia uma cabina telefónica. A sua porta abria-se e fechava-se continuamente. As pessoas conversavam sobre os seus afazeres. Ligavam para a agência de alojamentos, combinavam um encontro, pediam dinheiro emprestado aos seus amigos ou torturavam os seus namorados (ou as namoradas) com os seus ciúmes. Uma senhora idosa, depois de ter pousado o auscultador, encostou-se à cabina e chorou. Mas um caso como este raramente acontecia.

Numa radiosa tarde de Verão, o poeta entrou na cabina. Ligou para um redactor e disse-lhe assim:

- Já tenho as últimas quatro linhas!

E leu um pedaço de papel sujo com quatro linhas.

- Ai! São tão deprimentes! - disse o redactor. - Reescreve mais uma vez, mas muito mais alegres.

O poeta argumentou em vão. Desligou rapidamente o telefone e saiu.

Durante algum tempo não veio ninguém, a cabina estava vazia. Depois apareceu uma senhora de meia-idade, gorda, de figura vistosa e seios volumosos, e com um vestido estival estampado de flores. Quis abrir a porta da cabina.

A porta abriu-se com dificuldade. Primeiro nem sequer se queria abrir, mas depois bateu com tanta força que praticamente empurrou a senhora novamente para a rua. À segunda tentativa, a porta respondeu de uma maneira que podia ter sido considerada um pontapé. A senhora cambaleou para trás e caiu em cima da caixa do correio.

Os passageiros que estavam à espera na paragem de autocarro agruparam-se ali. Um homem com uma pasta e comportamento vigoroso avançou por entre o grupo. Tentou entrar na cabina, mas recebeu um golpe tão forte que caiu para trás no chão. Eram cada vez mais os que se reuniam e faziam comentários sobre a cabina, os correios e a grande senhora de vestido às flores. Alguns julgavam saber que na porta havia uma corrente de alta tensão; segundo outros, a senhora gorda e o seu cúmplice queriam roubar as moedas do aparelho, mas foram apanhados a tempo. Durante algum tempo, a cabina esteve a ouvir calada as especulações insensatas, depois virou-se e, com passos tranquilos, começou a andar na Avenida Rákóczi. Na esquina o semáforo estava vermelho, a cabina parou e esperou.

As pessoas seguiam-na com o olhar, mas não diziam nada; entre nós ninguém fica admirado, sobretudo com coisas normais. Chegou o autocarro, levou os passageiros, a cabina continuava a andar sem pressa pela Avenida Rákóczi, na tarde radiosa de Verão.

Espreitava as montras. Ficava parada em frente das floristas, alguns viram-na entrar numa livraria, mas pode ser que a confundissem com uma outra pessoa qualquer. Numa tasca de rua lateral, bebeu de um trago um copinho de rum. A seguir, passou pela margem do Danúbio e atravessou a ilha Margarida. Nas ruínas do antigo convento reparou numa outra cabina. Continuou o caminho, mas depois virou-se para trás, por fim passou para o lado oposto e, delicada mas insistentemente, começou a piscar os olhos para a outra cabina. Mais tarde, quando já estava a anoitecer, passou a vau por entre as rosas de um canteiro.

O que aconteceu durante a noite nas ruínas não se pôde apurar, porque na ilha a iluminação pública é má. Mas no dia seguinte, os transeuntes repararam que a cabina em frente das ruínas estava cheia de rosas vermelhas de sangue e o aparelho telefónico funcionou mal durante todo o dia. A outra cabina desapareceu sem deixar vestígios.

Ao nascer do dia, saiu da ilha e atravessou o rio até Buda. Subiu para as colinas de Géllert, daí seguiu por montes e vales, trepou ao pico das colinas de Hármashatár e depois desceu as encostas e começou a percorrer a estrada. Nunca mais foi vista em Budapeste.

***

Fora da cidade, para lá das últimas casas de Hüvösvölgy, há um campo de flores agrestes. É tão pequeno que uma criança pode dar a volta a correr sem perder o fôlego, e fica escondido entre as árvores de troncos altos como uma lagoa. É demasiado pequeno para ser ceifado, e por isso, em meados do Verão, a erva, a erva brava e as flores chegam à altura da cintura. Este é o sítio onde a cabina acampou.

Os excursionistas que vêm por aqui aos domingos ficaram muito contentes com ela. Apeteceu-lhes logo fazer troça de alguém que ainda estava a dormir profundamente ou pensaram em telefonar para casa a dizer que pusessem as chaves esquecidas por baixo do capacho. Entram na cabina - que ficou enviesada na terra mole - e, enquanto fora da porta se inclinam atrás deles as flores agrestes com pés compridos, levantavam o auscultador.

Mas o aparelho não dá sinal. Em vez disso, podem ouvir-se quatro linhas de um poema, em surdina, como um violino...
O aparelho não devolve as moedas colocadas, mas ainda ninguém apresentou queixa disso."

István Örkény

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domingo, novembro 21, 2004

Lars Gustafsson



"Recomeçamos. Não nos rendemos."

E assim se termina a leitura de um livro, 4 horas depois de o comprar...

Obrigado pela dica Dracul!

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segunda-feira, novembro 15, 2004

???

O que é que eu ando aqui a fazer???

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